15/10/2016 - Através do programa Brasil Original, com apoio do Sebrae no Espírito Santo e do TAMAR, você vai conhecer o trabalho das Bordadeiras de Povoação. ↓
Um grupo de mulheres da vila de Povoação, no Espírito Santo, à margem da foz do Rio Doce, recebe o apoio do TAMAR e do SEBRAE-ES, através do programa Brasil Original, para organizar aquilo que sabem fazer com primor: representar com arte as belezas e riquezas naturais da região. Os bordados chamam a atenção desde 1998, quando o TAMAR começou a fomentar a união dessas mulheres para a criação de produtos exclusivos feitos por elas. O trabalho começou, mas parou por diversas razões, e em 2015, retornou com toda a força.
Sensibilizados com a tragédia no Rio Doce, que afetou a vila de Povoação e a comunidade, o TAMAR e o SEBRAE entenderam que havia chegado a hora de agir. Com o apoio dos consultores Jacqueline Chiabai e Renato Imbriosi, as mulheres renasceram, reiniciando suas atividades com oficina construtiva de bordado para avaliar as técnicas, os traços, as habilidades e a qualidade. Depois, uma grande oficina criativa, onde cada bordadeira traçou seus desenhos e executou os bordados. “Foi um momento de pura inspiração, alegria e deslumbramento, de onde surgiram desenhos únicos, ingênuos, focados na iconografia cultural e ambiental da região, com um colorido especial, verdadeiras obras naif em tecido”, conta Clarice Burtet, a Tuta, que coordena todas as atividades de produção das confecções do TAMAR.
Segundo Tuta, era preciso avançar ainda mais, continuando com os encontros com o grupo, para buscar melhorar ainda mais a qualidade e a variedade de pontos, contando com o apoio do SENAR – Serviço Nacional de Aprendizagem Rural. Recomeçaram a aparecer as mais lindas e originais tartarugas bordadas, as orquídeas e os mais belos traços da cultural local. “São cores, tons, formas, traços iconográficos que precisam ser mostrados para valorizar o ambiente e gerar trabalho e renda com foco na economia criativa e comunitária”, explica Tuta.
Berço da tartaruga-de-couro
Povoação é um lugar de beleza cada vez mais rara hoje em dia. A exuberante Mata Atlântica de Cabruca, as plantações de cacau, a praia cercada de restinga, a harmônica batida do congo, a alegria e o colorido da folia de reis, as orquídeas e o jeito caboclo de ser. Tudo isso e mais o fato de ser uma das poucas áreas de reprodução da tartaruga-de-couro (Dermochelys coriacea), fazem dessa vila no Espírito Santo um lugar muito especial.
Agora, em 2016, o trabalho caminha para mais uma importante etapa: dar vida aos bordados transformando-os em lindos e originais produtos que sejam capazes de gerar trabalho e renda, algo muito importante para uma comunidade com poucas alternativas socioeconômicas e produtivas, diz Lali Guardia, responsável pelas lojas do TAMAR. “São 19 mulheres da comunidade que agora mantém uma rotina de encontros semanais para que juntas desenvolvam suas habilidades, o processo organizativo, a consolidação do coletivo produtivo e avaliem seus bordados, buscando aprimorar e desenvolver seus produtos com qualidade”, conta Lali. Os primeiros produtos (piloto) devem estar finalizados no início de 2017. E já tem um monte de gente curiosa pra ver o resultado de tanta dedicação e amor. “É tudo feito por nós, pelas nossas mãos, para os nossos filhos e para as tartarugas”, explica Sandra Leite, que além de bordar, cuida da horta comunitária.
Interação social: comunidades aliadas
O trabalho desenvolvido pelo TAMAR, em grande parte, tornou-se possível graças ao envolvimento das comunidades costeiras situadas nas áreas onde está presente. Hoje, o projeto conta com o trabalho de cerca de 1.800 pessoas – a maioria é de moradores dessas comunidades, que são beneficiados por várias ações de inserção social. São ferramentas fundamentais para a conservação das tartarugas as campanhas educativas e de conscientização ambiental, que promovem a busca de alternativas de subsistência não predatórias para os pescadores e suas famílias.
O TAMAR funciona como um agente catalisador de várias iniciativas de desenvolvimento das localidades onde está inserido. Para ajudar a fortalecer a economia local, o TAMAR passou a envolver a comunidade em processos de produção e comercialização, formando o mix das lojas com os produtos da marca TAMAR e também o artesanato regional e outras peças temáticas.
Há um fluxo regular de produtos entre as diferentes bases e, consequentemente, entre as respectivas comunidades, resultando em uma cadeia de produção social onde a peça de uma região é vendida em outra, e vice-versa, mediante um pagamento justo, sem atravessadores. Desta forma, as comunidades próximas às bases de pesquisa e conservação, em áreas com potencial limitado de turismo e de comércio, tornam-se fornecedoras para os pontos de venda localizados onde a atividade turística está consolidada e assegura volume compensador de comercialização.
Os recursos gerados através desse ciclo socioprodutivo são reinvestidos na proteção direta das tartarugas marinhas e nas ações de apoio comunitário, sensibilização, educação ambiental, capacitação e geração de emprego e renda. Quando a tartaruga marinha passou a ser mais importante viva do que morta, ficou mais valiosa ainda e engajou cada vez mais pessoas, como acontece até hoje. Atualmente, o TAMAR apoia os seguintes grupos produtivos: Rendeiras e Artesanatos em geral (CE); Grupo de Bordadeiras (SE e ES); Grupo de Artesanato em Tecido de Regência (ES); Grupo de Artesanato em Tecido da Aldeia Indígena de Comboios (ES); Grupo de Artesanato em tear com Miçangas da Aldeia Indígena de Comboios (ES); Grupo de Costureiras do Camburi (SP).
Projeto Tamar - O Tamar começou nos anos 80 a proteger as tartarugas marinhas no Brasil. Com o patrocínio da Petrobras, por meio do programa Petrobras Socioambiental, hoje o projeto é uma soma de esforços entre a Fundação Pró-Tamar e o Centro Tamar/ICMBio. Trabalha na pesquisa, proteção e manejo das cinco espécies de tartarugas marinhas que ocorrem no Brasil, todas ameaçadas de extinção: tartaruga-cabeçuda (Caretta caretta), tartaruga-de-pente (Eretmochelys imbricata), tartaruga-verde (Chelonia mydas), tartaruga-oliva (Lepidochelys olivacea) e tartaruga-de-couro (Dermochelys coriacea). Protege cerca de 1.100 quilômetros de praias e está presente em 25 localidades, em áreas de alimentação, desova, crescimento e descanso das tartarugas marinhas, no litoral e ilhas oceânicas dos estados da Bahia, Sergipe, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Ceará, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo e Santa Catarina. Reconhecido internacionalmente como uma das mais bem sucedidas experiências de conservação marinha do mundo, seu trabalho socioambiental desenvolvido com as comunidades costeiras serve de modelo para outros países. O Projeto TAMAR tem o patrocínio oficial da Petrobras, por meio do programa Petrobras Socioambiental, e nos nove estados brasileiros onde atua recebe diversos apoios locais. Visite www.tamar.org.br
Fundação Projeto Tamar participa de mais uma Primavera dos Museus promovida pelo IBRAM
Fundação Projeto Tamar inaugura novo espaço em Regência: o “Espaço Praia”
Oficinas educativas da Fundação Projeto Tamar unem cultura, ciência e conservação marinha
Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas do Brasil, ano de revisão para as tartarugas marinhas.
“Migração” entre bases: colaboradores do Tamar embarcam em uma jornada de aprendizado
Jorge, a tartaruga – cabeçuda que passou 40 anos em cativeiro e agora está de volta ao oceano!